sexta-feira, 18 de julho de 2014

Saiba mais sobre o Parto de Gémeos



O parto prematuro espontâneo em gravidezes de gémeos é uma das principais preocupações dos obstetras pois é um dos principais fatores de risco mas, tal como em gravidezes simples tem uma causa multifatorial. No entanto, conforme nos explica a ginecologista-obstetra Ana Bernardino Simões “a principal causa de parto pré-termo e rotura de bolsa de águas (rotura de membranas) em gémeos é a excessiva distensão das fibras musculares do útero, que desencadeia contrações uterinas, resultando na alteração do colo do útero e posterior parto.”
De acordo com a obstetra, apesar de não haver medidas muito eficazes na prevenção de um parto prematuro de gémeos, é consensual que sejam implementadas algumas orientações, como o repouso, o reforço da hidratação oral e a utilização de terapêutica para controlo das contrações uterinas. Medidas que serão, claro, sempre ponderadas caso a caso
Ana Bernardino Simões, revela ainda que não só o risco de parto pré-termo espontâneo é superior numa gravidez gemelar, como provocar o parto antes das 37 semanas, pode mesmo estar medicamente indicada. Segundo a obstetra, dependendo do tipo de gravidez gemelar, ou seja, do números de placentas e sacos amnióticos o parto pode ser programado para as 32-34 semanas (gravidezes monoamnióticas), 36/37 semanas (gravidezes monocoriónicas/biamnióticas), ou 37/38 semanas (gravidezes bicoriónicas).
De acordo com a Dra. Teresina Simões ginecologista obstetra especialista em gémeos da Maternida Alfredo da Costa (MAC), a gestação múltipla envolve ainda um risco duplo de hemorragia pré-parto, que muitas vezes condiciona um parto prematuro e um risco também duplo de hemorragia pós-parto que implica situações de verdadeira emergência médica com custos elevados. A hemorragia, associada aos fenómenos tromboembólicos e à hipertensão contribuem para o chamado “triângulo da morte” em obstetrícia, causando 64 a 68% das mortes maternas no 2º e 3º trimestre da gravidez e periparto. Metade das mortes maternas são pós-parto. Na Europa, a mortalidade materna em 1994 estava estimada em 5,2/10 000 nascimentos vivos na gravidez simples e 14,9/10 000 nas gestações múltiplas. O risco de hemorragia é também maior quando aumenta o número de fetos.



Número de gémeos
Risco de hemorragia pós-parto
Dois
2-4,5%
Três
9-12%
Quatro
27-58%



Mas nem tudo é mau e o parto de gémeos não é um bicho papão. Regra geral, os obstetras preferem só falar do parto perto do término da gravidez. Só nessa altura podem ter a certeza da posição em que os bebés se encontram, bem como se existe algum outro fator que influencie determinada decisão. Nos gémeos, aproximadamente 60% dos partos são por cesariana, ou porque os bebés se apresentam em posições anómalas (não cefálicos) ou porque a mãe já teve um parto por cesariana. Não se fazem partos vaginais quando o 1º gémeo não está de cabeça para baixo (cefálico). Nas gestações de mais de dois bebés (trigémeos ou mais) é considerado de boa prática médica a realização do parto por cesariana. A cesariana envolve obviamente mais custos que o parto vaginal.
Quando a gravidez é monocoriónica e monoamniótica também tem de ser cesariana pois há um grande risco de os cordões umbilicais estarem enrolados à volta do pescoço e deste modo há menos riscos para os bebés. No entanto, noutras situações, desde que pelo menos o 1º gémeo esteja em posição cefálica, não existe qualquer razão para que não se opte pelo parto normal. Em alguns hospitais, é prática corrente fazer-se cesariana sempre que existe uma gravidez gemelar. No entanto, a não ser nos casos especificados, nada desaconselha o parto normal.

Fonte: livro Sim!!! São Gémeos!!!

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