O parto prematuro espontâneo em
gravidezes de gémeos é uma das principais preocupações dos obstetras pois é um
dos principais fatores de risco mas, tal como em gravidezes simples tem uma
causa multifatorial. No entanto, conforme nos explica a ginecologista-obstetra
Ana Bernardino Simões “a principal causa de parto pré-termo e rotura de bolsa
de águas (rotura de membranas) em gémeos é a excessiva distensão das fibras
musculares do útero, que desencadeia contrações uterinas, resultando na alteração
do colo do útero e posterior parto.”
De acordo com a
obstetra, apesar de não haver medidas muito eficazes na prevenção de um parto
prematuro de gémeos, é consensual que sejam implementadas algumas orientações,
como o repouso, o reforço da hidratação oral e a utilização de terapêutica para
controlo das contrações uterinas. Medidas que serão, claro, sempre ponderadas
caso a caso
Ana Bernardino Simões,
revela ainda que não só o risco de parto pré-termo espontâneo é superior numa
gravidez gemelar, como provocar o parto antes das 37 semanas, pode mesmo estar
medicamente indicada. Segundo a
obstetra, dependendo do tipo de gravidez gemelar, ou seja, do números de
placentas e sacos amnióticos o parto pode ser programado para as 32-34 semanas
(gravidezes monoamnióticas), 36/37 semanas (gravidezes
monocoriónicas/biamnióticas), ou 37/38 semanas (gravidezes bicoriónicas).
De acordo com a Dra.
Teresina Simões ginecologista obstetra especialista em gémeos da Maternida
Alfredo da Costa (MAC), a gestação múltipla envolve ainda um risco duplo de
hemorragia pré-parto, que muitas vezes condiciona um parto prematuro e um risco
também duplo de hemorragia pós-parto que implica situações de verdadeira
emergência médica com custos elevados. A hemorragia, associada aos fenómenos
tromboembólicos e à hipertensão contribuem para o chamado “triângulo da morte”
em obstetrícia, causando 64 a 68% das mortes maternas no 2º e 3º trimestre da
gravidez e periparto. Metade das mortes maternas são pós-parto. Na Europa, a
mortalidade materna em 1994 estava estimada em 5,2/10 000 nascimentos vivos na
gravidez simples e 14,9/10 000 nas gestações múltiplas. O risco de hemorragia é
também maior quando aumenta o número de fetos.
Número de
gémeos
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Risco de hemorragia pós-parto
|
Dois
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2-4,5%
|
Três
|
9-12%
|
Quatro
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27-58%
|
Mas nem tudo é mau e o parto
de gémeos não é um bicho papão. Regra geral, os obstetras preferem só falar do
parto perto do término da gravidez. Só nessa altura podem ter a certeza da
posição em que os bebés se encontram, bem como se existe algum outro fator que
influencie determinada decisão. Nos gémeos, aproximadamente 60% dos partos são
por cesariana, ou porque os bebés se apresentam em posições anómalas (não
cefálicos) ou porque a mãe já teve um parto por cesariana. Não se fazem partos
vaginais quando o 1º gémeo não está de cabeça para baixo (cefálico). Nas
gestações de mais de dois bebés (trigémeos ou mais) é considerado de boa
prática médica a realização do parto por cesariana. A cesariana envolve
obviamente mais custos que o parto vaginal.
Quando a gravidez é
monocoriónica e monoamniótica também tem de ser cesariana pois há um grande
risco de os cordões umbilicais estarem enrolados à volta do pescoço e deste
modo há menos riscos para os bebés. No entanto, noutras situações, desde que
pelo menos o 1º gémeo esteja em posição cefálica, não existe qualquer razão
para que não se opte pelo parto normal. Em alguns hospitais, é prática corrente
fazer-se cesariana sempre que existe uma gravidez gemelar. No entanto, a não
ser nos casos especificados, nada desaconselha o parto normal.
Fonte: livro Sim!!! São Gémeos!!!
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